terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Em Última Mão

À bengala, dá-me impulso
Sustentas minhas digitais
Ao silêncio, desfilas sinais,
Extremidade pós-pulso

Tateias peles e temperos
Com memória infinita
Como um cão sunita
Fareja a essência do medo

Tens os traumas de minha infância
As frutas catadas no pé
A nascente do Rio Macaé
Os sangues de minhas valentias...

Nossos anos contam oitenta e seis,
Enrugada, trêmula e amarelada tez
Portadora de momentos de insensatez
Onde armazenas odor inverso às leis

Cá confesso a maior de minhas dores:
Quando à face no deserto de meu leito
Oferece-me... - Tenha dó de meu peito!
Arrefecido cheiro, da morte de meus amores

Adentrará em jazigo com primazia
E em cova me perfumarás
Sinestésicos aromas transcendentais
Unos, sob unhas descompassadas de poesia

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