domingo, 12 de dezembro de 2010

Íntimos.

Sua-me
Soa-me
Sou

Sua.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Penso que tenho um certo gosto pelas dores mais lentas.

Há em mim um corte, profundo, inquietante, incurável. Nunca sei ao certo seu comprimento, doze ou catorze centímetros. Ponto. Digo, pontos, tentam manter-lhe fechado. E toda vez que chega próximo da cicatrização, eu, com faca em mãos, mantenho viva sua existência. Cada vez que ele se abre, fica pior. Mantenho-lhe vivo em bilhetes e palavras, em indiferenças e fingimentos, em noites e silêncios, em lemes e velas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Adorno.

Escassa era
Esperança posta
Surgiste florida
Doce aposta

Na primeira dança
Prendias-me forte
De ti juraste-me
Amuleto de sorte

Singelo faço-te
Estes versos em trapo
Como suave me confias
Uma flor de guardanapo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Clemência

Perdoe-me por ser direto
Que por impulso, pareça grosso.
Dominaste por tão certo
Parte a parte de meu todo.

Perdoe-me se por maneira
canto o amor, faço alarde.
Dominaste bem certeira
Todo o todo de minha parte.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quinhentos e sete anos e seis dias depois da descoberta.

Penso agora, o que vai ser daqui em diante? Eu poderia não olhar na sua face amanhã. Mas seria incoerente fazer isso depois que abalamos todas as estruturas sociais e mundanas que nos cercam. Eu poderia te odiar, definitivamente, te odiar. Você fala de outros pra mim, fala de quão gracioso era um ou outro amigo, e ainda tinha aquele seu ex-affair metido a canastrão, que só o timbre da voz me causa náuseas. Sem contar, ainda, nunca assumir pra ninguém que se sente atraída por mim. Talvez eu te ame, sim, poderia te amar. Poderia amar o jeito que prende o cabelo. Poderia amar suas curvas. Poderia amar suas cavidades bochechísticas. Poderia amar como usa vocativos que homens usam para se comunicar, vomitar nas mãos em concha pra não sujar o chão, a postura meio corcunda, e tudo isso com a feminilidade de uma princesa criada por Walt Disney. Poderia amar o jeito que me defende, e o jeito que me olha. Poderia amar seu sorriso ao me ver. Poderia amar seus olhos arregalados como de quem saiu de um mangá. Poderia amar sua dedicação e lealdade. Poderia amar o fato de ver beleza em suas amigas feias. Poderia amar você estalando meus dedos contra minha vontade. Poderia amar como me repreende quando outra garota me olha. Poderia amar o modo que reclama de tudo. Poderia amar quando me pede pra fazer caretas ou vozes. Poderia amar quando aparece com um machucado novo oriundo do mundo das Idéias. Poderia amar seu interesse por me fazer experimentar novos sabores. Poderia amar quando me liga e ficamos horas no telefone mesmo depois de nos vermos o dia todo. Poderia amar quando me recompensa por aprender algo. Poderia amar o jeito que absorve meus problemas e lida com eles melhor que eu. Poderia amar você gostar de trilhas sonoras. Poderia amar receber café-da-manhã na cama. Poderia amar quando esquenta a água para eu não tomar banho frio. Poderia te amar. Te amar além de tudo, e, ainda mais, se me amar de volta.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ardorável.

O melhor que posso
Agora fazer, é juntar-me
Em corpo a você

Cobiçar ardente
Beliscar com dentes
Teu lábio a tremer

Deslizar um beijo lento
Como suave veneno
Como suave você

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Incontáveis Decibéis.

- Ouve este som?

- Jesus amado!
  Nem chiado.

- Em dó, o tom.

- Timbre?

- Amor silenciado
  Por marcas de batom.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dedicatória.

Dediquei a Marte, a beleza de amar-te.

domingo, 15 de agosto de 2010

Estação

E aquele lugar
de sorrisos e prantos
deixou de ser seu recanto
para se tornar o meu.

domingo, 1 de agosto de 2010

King Kong

A beleza é capaz de dominar qualquer fera.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Refrão de Samba Triste.

Tamborim entristeceu
Meu coração o acompanhou
O surdo? Mudo
Cavaquinho não chorou
Cerveja recolheu-se
Para o fundo do isopor
E o carnaval lá se foi
Junto com o meu amor.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dois ou um?

Ah, eu entendo perfeitamente. É aquele abraço que o braço enrola no outro corpo, e a cabeça escolhe um ombro para repousar. Os olhos fecham, os braços pressionam com a força mais confortável o outro para si. Ambos entram em sintonia perfeita e igualitária. Não importando a gritaria dos filhos do vizinho ou o barulho do tráfego. E nem Einstein conseguiria interpretar a importância daquele espaço-tempo.

- Meu Deus, você tirou isso de onde?

Da minha lembrança.