terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quinhentos e sete anos e seis dias depois da descoberta.

Penso agora, o que vai ser daqui em diante? Eu poderia não olhar na sua face amanhã. Mas seria incoerente fazer isso depois que abalamos todas as estruturas sociais e mundanas que nos cercam. Eu poderia te odiar, definitivamente, te odiar. Você fala de outros pra mim, fala de quão gracioso era um ou outro amigo, e ainda tinha aquele seu ex-affair metido a canastrão, que só o timbre da voz me causa náuseas. Sem contar, ainda, nunca assumir pra ninguém que se sente atraída por mim. Talvez eu te ame, sim, poderia te amar. Poderia amar o jeito que prende o cabelo. Poderia amar suas curvas. Poderia amar suas cavidades bochechísticas. Poderia amar como usa vocativos que homens usam para se comunicar, vomitar nas mãos em concha pra não sujar o chão, a postura meio corcunda, e tudo isso com a feminilidade de uma princesa criada por Walt Disney. Poderia amar o jeito que me defende, e o jeito que me olha. Poderia amar seu sorriso ao me ver. Poderia amar seus olhos arregalados como de quem saiu de um mangá. Poderia amar sua dedicação e lealdade. Poderia amar o fato de ver beleza em suas amigas feias. Poderia amar você estalando meus dedos contra minha vontade. Poderia amar como me repreende quando outra garota me olha. Poderia amar o modo que reclama de tudo. Poderia amar quando me pede pra fazer caretas ou vozes. Poderia amar quando aparece com um machucado novo oriundo do mundo das Idéias. Poderia amar seu interesse por me fazer experimentar novos sabores. Poderia amar quando me liga e ficamos horas no telefone mesmo depois de nos vermos o dia todo. Poderia amar quando me recompensa por aprender algo. Poderia amar o jeito que absorve meus problemas e lida com eles melhor que eu. Poderia amar você gostar de trilhas sonoras. Poderia amar receber café-da-manhã na cama. Poderia amar quando esquenta a água para eu não tomar banho frio. Poderia te amar. Te amar além de tudo, e, ainda mais, se me amar de volta.