terça-feira, 14 de outubro de 2014

Poema do Dia Seguinte

Quando eu morrer
Me impactarão
Palavras de diversos calibres
Me beijarão os dias
Livres
Do pesar de minhas lutas
Quando eu morrer
Não cantarão os passarinhos
Haverá um concertinho
De meninos iluminados
Que libertaram os passarinhos
Para cantar longe
Quando eu morrer
Um partideiro fará silêncio
De dois minutos
Um tamborim chorará
Saudade
Luto
De tanto que eu dava no couro
Quando eu morrer
Deixarei dois bilhetes de amor
Um de amargura
Deixarei candura aos amigos
Aos inimigos,
Meus livros favoritos
Quando eu morrer
Levarei comigo meus pecados
Meus pecados de pureza
Meus ingênuos pecados inofensivos
Meus pecados de afeto
Carimbados em mim, feto
Antes mesmo da luz conhecer
Quando eu morrer
Viverei por novenas
Em córneas,
Rins
E empoeirados poemas

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